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O Que é Produção Musical ?

Para quê Serve?

Nosso país tem uma riqueza musical enorme. A quantidade de compositores, instrumentistas, estilos musicais, intérpretes e nichos de mercado está entre as maiores do mundo. E é justamente por isso que a SUA MÚSICA precisa, mais do que nunca, aparecer.
Existe uma longa distância entre se criar uma idéia, compor, conceber uma obra musical e transformá-la em um PRODUTO que desperte o interesse do público. Este produto é o resultado final da sua música. Para todos os efeitos, é a sua representação para o mundo - consumidores, gravadoras, casas de shows e websites.
A mídia pode mudar - LP, CD, iPOD®, vinil (voltando com tudo!) - e sempre mudará. Os modelos de negócio também. Mesmo que não espere "vendas de CD's", o artista precisa aparecer e ser reconhecido para ter sucesso profissional e pessoal. Há diversos objetivos que um músico pode atingir através de seu trabalho: vender composições, tocar, interpretar, fazer shows e merchandising. E todos eles começam com um produto (CD) bem feito em mãos.
E já que estamos falando de um PRODUTO, ou PRODUÇÃO, ninguém melhor do que um PRODUTOR MUSICAL para transformar uma idéia em uma canção lapidada, digerível, fiel à proposta, otimizada, pronta para ser consumida e apreciada.
Pense em uma música que você adora, de um artista ou banda que você acompanha há muitos anos. É muito provável que esta música que você pensou é o resultado de uma composição maravilhosa, PRODUZIDA por um profissional competente, tanto artisticamente como tecnicamente. Compositores, letristas, arranjadores - artistas e músicos - estão preocupados com a arte, poesia, interpretação, conteúdo emocional. Uma combinação de dons e habilidades que permitem ao artista conceber idéias interessantes.O ARTISTA se concentra, na criação artística.
Uma vez que a música é concebida, através de uma gravação guia, esboços em um guardanapo ou partituras, inicia-se o processo de PRODUÇÃO. Aqui, outro profissional, o PRODUTOR, deve trazer seus dons e habilidades e se concentrar numa nova etapa. A criação contém idéias, mensagens e emoções que nem sempre são claras para o ouvinte. Um produtor profissional estudou durante anos o processo de produção musical e analisou muitos casos de sucesso para extrair o melhor de uma composição.
Utilizando seu background artístico, o cenário musical e técnicas de produção, o produtor tem a função de transformar a obra musical em um veículo de mensagens e emoções universais, consistentes, claras e interessantes. Assim como uma boa produção não se sustenta sem uma grande composição, a concepção musical depende de um cuidadoso processo produtivo para se transformar num produto e abrir portas para o artista.
Contratar um Produtor Musical é dar uma chance para sua música. Com certeza você acredita nela, mas é preciso que outros também acreditem. Sei como é frustrante "imaginar" a música, se empolgar e não conseguir passar isso para os amigos. O Produtor é o seu aliado nesse objetivo.
A Produção Musical profissional economiza tempo e energia do artista, aumentando as chances de divulgação, contratos com gravadoras e downloads. Contrate um produtor. Mesmo que seja um amador, um amigo músico. O ato de "contratar" transfere seriedade para o projeto, incluindo metas e prazos. No mínimo, serão duas pessoas e dois pontos de vista, que enriquecem qualquer trabalho onde decisões são tomadas a todo instante.

(Retirado do Blog http://www.audicaocritica.com.br de Dennis Zasnicoff, produtor musical e professor de áudio)
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Dica de Álbum

A dica de álbum do Caverna dessa semana é o Let It Bed, de Arnaldo Baptista, produzido por John, do Pato Fu, esse disco é a prova de que com a tecnologia atual, para se fazer um bom álbum não é mais nescessário se inverstir grandes montantes de dinheiro nem estar atrelado à estrutura de uma grande gravadora.



LET IT BED - (L&C Editora, 2004) – Produção: John Ulhoa A idéia de finalmente gravar Let it Bed aconteceu quando John, da banda Pato Fu, foi a Juiz de Fora montar um PC para Arnaldo com vários programas de áudio. John e Rubinho Trol (2) começaram a mostrar ao Arnaldo as possibilidades dessas novas tecnologias, recursos que há alguns anos só eram possíveis em estúdios caríssimos e agora estavam bem à mão, para serem usados em casa mesmo. “Por isso este disco é o encontro de Arnaldo com esta tecnologia”, explicou John. “Uma coisa era importante para nós”, continuou John. “Não queríamos um CD que soasse como um disco moderninho de música eletrônica com samples do Arnaldo. Isso seria fácil fazer. Queríamos que ele registrasse à sua maneira suas novas canções e depois ajudaríamos a dar um acabamento à altura de seu talento”.
John e Rubinho levaram para o sítio equipamento suficiente para um bom home-estúdio. Logo de cara perceberam que Arnaldo queria tocar de tudo e passava muito rapidamente de um instrumento para outro. Por isso decidiram espalhar microfones por todo o estúdio do sítio, deixando tudo ligado o tempo todo para manter o momento criativo sempre em alta.
“Rubinho trouxe seu PC de Londres. Gravamos usando o software Cubase e uma interface M-Audio Delta 44, que nos permitia gravar 4 canais por vez. O que parece pouco, mas o suficiente para este disco, já que Arnaldo iria tocar tudo, um instrumento por vez”, conta John. “A AKG nos emprestou os microfones e headphones, eu levei preamps, mixer, guitarras e outras coisas. Uma curiosidade é a guitarra Pignose com um alto-falante embutido no corpo, que Arnaldo experimentou e acabou usando em algumas gravações”.
John deu algumas instruções básicas para Rubinho, “apenas para ele não cometer nenhuma gafe tecnológica irreparável”. Mas logo ficou claro que o mais importante era o momento, a atmosfera, a tranqüilidade para que Arnaldo pudesse registrar tudo que quisesse, quantas vezes quisesse e na hora que tivesse vontade. “E isso o Rubinho soube conduzir muito bem”.
“Depois de tudo registrado, voltamos para meu estúdio em BH, onde transpusemos as sessões de Cubase/PC para o sistema do meu estúdio que é Logic Audio/Mac. Lá não gravamos mais nada: apenas acrescentei algumas programações e instrumentos virtuais”, explica John. Tudo foi editado e mixado aos poucos no estúdio de John. “Cada vez que Arnaldo vinha à minha casa ouvíamos tudo e ficávamos mais felizes com o resultado”.
http://www.arnaldobaptista.com.br
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A pirataria de CDs e o flagelo do “jabá”

Aferradas à estratégia monopolista de vender o máximo de unidades no mínimo de títulos - a poderosa Warner Music Brasil tem em seu cast apenas 14 artistas, entre bons, regulares, ruins e péssimos -, as cinco multinacionais que controlam a indústria fonográfica no país (Warner, Sony, BMG, Universal e Emi), pagam para que suas gravações sejam marteladas até a saturação nas emissoras de rádio e televisão, em detrimento do variado repertório musical nacional de qualidade, favorecendo a ação dos piratas que só viceja em ambiente de demanda altamente concentrada

Em seu relatório de 2003, a ABPD (Associação Brasileira de Produtores Discográficos) informou que, em 2002, a venda de CDs piratas, no Brasil, atingiu a cifra de 115 milhões de unidades. Diz ainda o relatório que esse número correspondeu a 59% do total de CDs vendidos. E assegura que tal fato é responsável pela crise que atravessa o nosso mercado musical.

A crise é real e aguda. De 6º lugar no ranking mundial de venda de discos, o Brasil caiu para 13º, sendo ultrapassado por países de reduzida tradição musical como a Austrália. Essa queda não se deve apenas à expansão mais lenta do mercado nacional em relação aos demais. De 1998 a 2002 o faturamento da indústria fonográfica despencou de R$ 1,4 bilhões para R$ 1 bilhão.

ESTRATÉGIA MONOPOLISTA

A explicação, porém, deixa muito a desejar.

Primeiro: A ABPD não diz e nem poderia dizer como obteve essa cifra de 115 milhões de CDs piratas. Trata-se de uma informação tão merecedora de crédito quanto a afirmação dos dirigentes das cinco multinacionais que a controlam – Warner, Sony, BMG, Universal e Emi – de que não pagam para que suas gravações sejam tocadas até a saturação nas emissoras de rádio e televisão.

Segundo: Ainda que o número correspondesse à realidade, seria necessário não omitir do relatório que o maior responsável pelo estímulo e promoção à venda de CDs piratas, no Brasil, é, exatamente, o uso e abuso do jabá pelas cinco gravadoras multinacionais.

Aferradas à estratégia monopolista de vender o máximo de unidades do mínimo de títulos, essas empresas cada vez mais reduzem e empobrecem o repertório musical martelado pelos meios de comunicação, favorecendo a ação dos piratas, cuja estratégia é idêntica.

BONS, REGULARES, RUINS E PÉSSIMOS

Não fosse o flagelo do jabá, a vasta riqueza, diversidade e qualidade pela qual a música brasileira conquistou reconhecimento internacional se imporia naturalmente aos meios de comunicação nacionais. A quantidade de CDs vendidos aumentaria, ainda que o número de peças por título, dos “campeões de vendas”, reduzisse. A diversidade de opções desestimularia a pirataria, que só viceja em ambiente de demanda altamente concentrada. Nosso sobrecarregado aparato policial poderia concentrar-se em prioridades de mais elevado coturno. A poderosa Warner Music Brasil (R$ 170 milhões de faturamento anual) não precisaria continuar submetida à vexatória situação de ter um cast composto por apenas 14 artistas – entre bons, regulares, ruins e péssimos. A BMG poderia substituir astros do naipe de Louro José e Swing & Simpatia por algo mais consistente.

NACIONAIS E INDEPENDENTES

Então, por que as multis seguem aferradas ao jabá, mesmo quando isso favorece os piratas que lhes garfam uma fatia do mercado?

Antes do advento da tecnologia digital, era impossível produzir um disco sem passar por uma gravadora. Só elas possuíam os estúdios de gravação e as misteriosas engenhocas que produziam as matrizes e cópias. Tais meios de produção complexos e caros, outrora, garantiam o controle sobre a produção de discos a quem tivesse e pudesse investir vultosos recursos para adquiri-los.

SUBORNO

Hoje, os estúdios de gravação e as empresas que copiam os CDs não estão mais necessariamente dentro das gravadoras. Estas deixaram de ter não só o monopólio sobre os meios de produção, como inclusive desativaram total ou parcialmente seus imponentes parques industriais. Os artistas passaram a ter como produzir seus discos fora das gravadoras. Criá-las deixou de ser um negócio oneroso, fortalecendo os portadores de cultura, inteligência e sensibilidade musicais em relação aos detentores do capital. Surgiram dezenas de gravadoras nacionais e centenas de artistas independentes cuja produção, tomada em conjunto, ultrapassou largamente a das cinco irmãs, tanto em qualidade quanto em quantidade. De janeiro a junho de 2004, para cada novo lançamento das majors, as independentes lançaram pelo menos cinco títulos.

Perdendo o controle sobre a oferta, as grandes gravadoras deslocaram o peso de seu poder econômico para açambarcar o espaço público da comunicação e manipular a demanda, a fim de manterem o monopólio sobre a venda de CDs. E não se detiveram ante o fato de terem que fazê-lo através do suborno, já que não há um meio legal de obter o mesmo resultado.

A prática generalizada do jabá trouxe em sua esteira a possibilidade de converter nulidades em “campeões de vendas”, pela superexposição de seus atributos na mídia comprada por debaixo dos panos. Qualidade e diversidade, marcas registradas da música brasileira, foram substituídas pelo seu avesso, nos meios de comunicação e nas prateleiras das lojas. Os diretores artísticos das grandes gravadoras cederam lugar aos gênios do marketing. Os casts minguaram. E chegamos aos dias de hoje.

Warner, Sony, Universal, BMG e Emi lançam cada vez menos títulos e clamam aos céus contra os piratas – que conseguem expor numa minguada banquinha de camelô toda a formidável produção fonográfica de um ano inteiro, das cinco juntas. Mas recusam-se a abrirem mão do jabá, para não terem que competir de modo honrado com a produção das gravadoras nacionais e artistas independentes.

O que temem? Que essa renúncia possa levar Kelly Key a vender menos que Gal Costa? Que Almir Satter ultrapasse Os Detonautas? Que Beth Carvalho bata Os Travessos? Que Bethânia supere Babado Novo? Que o Quinteto em Branco e Preto atropele Os Mulekes? Que Geraldo Azevedo passe Pedro & Thiago? Que Rouge, Jota Quest, Marcelo D2, Ivete Sangalo, Carla Xibombom Cristina, Exaltasamba, Belo e outras crias do jabá sejam reduzidos à sua dimensão real? Que Sérgio Reis, Fagner, Walter Alfaiate, Johnny Alf, Alceu Valença, Nei Lopes, Tom Zé, Vital Farias, Armandinho, Elomar, Izaías do Bandolim, centenas de artistas expulsos dos casts das cinco multinacionais e outros tantos aos quais elas cerraram as portas possam tomar-lhes o mercado? Mas seus chairmen não acreditam no que dizem? Não são os especialistas em perceber e gravar a música que o povo quer ouvir?

Em entrevista concedida aos jornalistas Pedro Alexandre Sanches e Laura Mattos (maio de 2003), o sr André Midani, que exerceu vários cargos de chefia na indústria fonográfica, por mais de 40 anos, além de haver admitido a prática do crime, revelou que os “orçamentos publicitários” das cinco multinacionais variam “entre 12% e 16% das vendas” e que o jabá “chega a representar 70% das verbas publicitárias”.

FAVORECIMENTO

Considerando o faturamento das cinco, estamos diante de cifras que vão de R$ 71 milhões a R$ 95 milhões empregados anualmente nessa modalidade criminosa de marketing. Mas isso não é tudo. Em função de um convênio que absurdamente sobrevive até hoje, as cinco gravadoras multinacionais são favorecidas pela isenção de 40% do ICMS devido aos cofres públicos, o que lhes garante a bagatela de R$ 61 milhões para que as despesas com suborno não onerem em demasia seus custos de produção. Não há como fugir à didática conclusão de que, além de se constituir em prática corrupta e criminosa, exercida para eliminar a concorrência através da manipulação do mercado, o jabá tem sido patrocinado fundamentalmente por dinheiro público desviado de suas funções precípuas.

PIRATAS E PIRATAS

No Aurélio, a palavra pirata apresenta como sinônimos as expressões gatuno, espertalhão, tratante, malandro, ladrão. O termo, portanto, não serve apenas para caracterizar a rede de produção e comercialização de CDs falsificados. Também cabe perfeitamente para qualificar a ação realizada no Brasil pela Warner, Sony, Universal, BMG e Emi. Há, no entanto, duas diferenças. A ação dos primeiros não é pior, nem causa mais prejuízos à nossa cultura, naquilo que ela tem de mais expressivo, a música brasileira, do que a ação dos segundos. Extinguindo-se a pirataria dos maiores reduzir-se-ão significativamente os atrativos à pirataria dos menores, mas a recíproca não é verdadeira.

O Ministério Público, Polícia Federal, Ministério da Justiça, Ministério do Desenvolvimento, CADE, Ministério das Comunicações, Ministério da Cultura e Congresso Nacional devem levar isso em conta, para que não se estimule a pirataria a pretexto de combatê-la.

QUALIDADE  ALIJADA

O que não se pode perder de vista é que não é justo, e sobretudo não é salutar ao desenvolvimento econômico e cultural do país, que gravadoras nacionais e artistas independentes, tendo lançado mais de 4.000 títulos diferentes de CDs, que contêm a maior parcela do que de melhor foi produzido nos últimos 10 anos em matéria de música brasileira, sigam alijadas do espaço público da comunicação e, conseqüentemente, das estantes das lojas pelo flagelo do jabá.

SÉRGIO RUBENS DE ARAÚJO TORRES (Jornal Hora do Povo)
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